IPCA
IPCA é um acrônimo para Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, que é o principal índice de inflação no Brasil. Entenda o que significa, como é calculado e como ele influencia nos nossos investimentos
Toda hora a gente vê os jornais e os economistas falando de inflação e que o IPCA subiu, caiu, ou ficou na mesma. Mas, o que exatamente é esse tal do IPCA? Vamos descobrir então agora o que é esse trem, como que funciona e para que serve.
Então, fala aí, o que é o IPCA?
Como vimos na introdução, IPCA é um acrônimo para Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - que na verdade deveria ser INPCA, mas para ficar mais fácil de pronunciar, excluíram o “nacional” da parada, tadinho…
Mas, de qualquer forma, o IPCA é um dos principais índices de inflação da nossa pátria amada Brasil. Foi criado em 1979 com um objetivo muito simples: medir a variação dos preços de vários produtos e serviços. É basicamente isso. Então, a galera do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, mais conhecido como IBGE e que são os responsáveis por medir o índice, vai lá e mede todo mês qual foi a variação desses preços para passar para a população se está aumentando ou diminuindo.
Mas, para que serve exatamente isso aí?
Além de informar a população, o IPCA é usado pelo pessoal do Conselho Monetário Nacional (CMN), que é o órgão do mais alto nível do Sistema Financeiro Nacional responsável por formular a política monetária e do crédito, com o objetivo de promover a estabilidade da moeda e o desenvolvimento econômico e social do Brasil. O Conselho usa o IPCA como indicador de referência de metas de inflação, buscando mantê-la sob controle. Para fazer isso, eles usam uma ferramenta que você também já deve ter ouvido falar bastante sobre, que é a taxa Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira. Quando os preços começam a subir bastante, o pessoal do Conselho eleva essa taxa básica (Selic), pois quando está maior a tendência é de deixar o crédito mais caro e consequentemente frear o consumo da população. E uma vez que os preços estão mais controlados, o Banco Central tem mais liberdade para reduzir essa taxa Selic com finalidade de estimular o consumo e aquecer a economia.
O que faz a inflação subir ou cair?
Aqui entra aquela famosa lei que praticamente todos já ouviram falar, é a Lei da Oferta e Demanda. Basicamente, os preços de uma economia se ajustam conforme a oferta e a demanda por produtos e serviços no mercado. Então, se existe muita gente querendo um produto (demanda) e poucas empresas vendendo esse produto (oferta), aí os preços aumentam por causa dessa escassez no mercado de um determinado produto. Isso acontece mais em tempos quando a renda das pessoas está maior, dando mais condição para consumir mais produtos e serviços. Mas, muitas vezes, as empresas precisam de mais tempo para ajustar suas produções para atender a demanda real do mercado e por isso os preços aumentam. São nesses tempos que os picos de inflação ocorrem. Contrariamente, quando o consumo está em queda, os preços ficam na mesma.
Outras razões para aumento da inflação podem ser: excesso de gastos públicos, uma vez que terá mais dinheiro circulando e isso aquece a economia; movimentações repentina no câmbio; e mais.
Mas, então, como é calculado o IPCA?
O IPCA é calculado pelo IBGE através de uma pesquisa de preços em diversos estabelecimentos comerciais das seguintes categorias: alimentação e bebidas, comunicação, artigos de residência, despesas pessoais, habitação, educação, saúde e cuidados pessoais, transportes e vestuário. Especificamente, os preços são entre os dias 1º e 30 de cada mês. Vale salientar também que cada segmento possui um peso diferente conforme o consumo médio da população.
Composição do IPCA
O IBGE utiliza a Pesquisa de Orçamentos Familiares, mais conhecida como POF. Essa pesquisa busca mensurar os hábitos de consumo da população, indicando que peso cada tipo de gasto tem no orçamento médio dos brasileiros. Como o objetivo é fazer com que o índice reflita o mais próximo do que é a realidade das pessoas, ele é atualizado de tempos em tempos. Isso acontece porque os hábitos de consumo das pessoas vão mudando com o passar do tempo. Atualmente, a última atualização do IPCA foi no início de 2020, quando 377 itens começaram a fazer parte da lista. Todos os itens são divididos em nove grupo de gastos:
Alimentação e bebidas: 19,3%
Habitação: 15,6%
Artigos de residência: 3,8%
Vestuário: 4,6%
Transportes: 20,6%
Saúde e cuidados pessoais: 13,5%
Despesas pessoais: 10,7%
Educação: 6,1%
Comunicação: 5,7%
O Impacto do IPCA nos nossos investimentos
Antes de mais nada, é fundamental você entender o conceito de rentabilidade real, que nada mais é a rentabilidade de algum investimento descontada da inflação. Ou seja, é o quanto de fato você ganhou com ele. É importante descontar a inflação, pois ela faz com que o dinheiro perca poder aquisitivo ao longo do tempo. Só para você entender isso, se você tivesse 100 reais em 1994, quando o Real foi criado, hoje esses mesmos 100 reais equivaleria a apenas 14,42 reais. Isso é a inflação. Então, é por isso que devemos levar em conta a rentabilidade real. Imagina que você aplicou em um investimento que te rendeu 10% no ano. Isso é bom ou ruim? Para entender isso, é preciso ter alguma referência. Geralmente, a referência é a taxa básica de juros da economia, a taxa Selic. Mas, é importante comparar com a inflação, pois imagine que ela esteja a 11% no ano. Nesse caso, seu investimento com rentabilidade de 10% ainda vai perder poder aquisitivo. Agora, se a inflação anual fosse algo tipo 5%, então essa rentabilidade estaria te deixando com ganhos acima da inflação, o que é o ideal. É por isso que as variações do IPCA têm efeitos diretos sobre a rentabilidade real dos investimentos e, consequentemente, devemos estar de olho nesse índice.
E você sabia que pode investir em ativos atrelados à inflação?
Isso mesmo. Se o seu perfil de investidor for consevador e seu objetivo de investimento for de apenas estar acima da inflação, para que seu dinheiro não perca poder aquisitivo ao longo do tempo, então os investimentos de renda fixa atrelados à inflação podem ser ótimos para sua carteira. São eles:
Títulos públicos do Tesouro Direto (Tesouro IPCA+)
Papéis bancários, como CDBs, LCIs e LCAs
Debêntures
Fundos de investimento de inflação
Para finalizar…
Resumindo, o IPCA é um indicador super importante para medir a inflação no nosso país. É importante entendermos também como ele pode impactar nosso dinheiro e nossos investimentos.