IGP-M
Conheça o IGP-M, primo do IPCA, um outro índice responsável por calcular a inflação no Brasil e muito usado como indexador no setor imobiliário - que até por isso é conhecido como a “inflação do aluguel”.
O que é IGP-M?
Criado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) no final dos anos 1940, IGP-M é uma sigla para Índice Geral de Preços do Mercado, que é calculado mensalmente por um órgão específico da FGV, o Instituto Brasileiro de Economia (IBRE). Em termos gerais, se você já entendeu o que é e para que serve o IPCA, entender sobre o IGP-M vai ser moleza. Assim como o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o IGP-M também busca calcular a variação nos preços no país, servindo como um termômetro dos preços de toda a economia real. O objetivo da criação era para ser uma medida abrangente do movimento de preços, ou seja, um índice que não apenas tivesse diferentes atividades incluídas, mas também etapas distintas do processo produtivo.
Então qual é a diferença entre IGP-M e IPCA?
Por mais que sejam similares, existem diferenças entre os dois índices. Primeiramente, o IPCA vem de um órgão público, uma vez que é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), um órgão governamental. Já o IGP-M é calculado por uma instituição privada, que é a FGV. Além disso, existem diferenças metodológicas. O IPCA considera a variação de preços de bens e serviços para o consumidor final e o IGP-M, além disso, considera também a variação dos preços nos estágios de produção.
Como ele é calculado?
O cálculo do IGP-M é feito a partir de outros três índices de preços, cada um com um peso diferente:
Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA): corresponde a 60% do cálculo do IGP-M e é um índice de abrangência nacional, calculado mensalmente e com foco principal na análise das variações de preços nos produtos agrícolas e industriais.
Índice de Preços ao Consumidor (IPC): corresponde a 30% do cálculo do IGP-M e é um índice calculado nas sete principais capitais brasileiras, calculado diariamente e usado como referência para avaliação do poder de compra do consumidor (nas famílias com renda mensal entre 1 e 33 salários-mínimos).
Índice Nacional de Custo e Construção (INCC): corresponde a 10% do cálculo do IGP-M e é um índice calculado nas sete principais capitais brasileiras, calculado mensalmente e com foco na evolução dos preços de materiais, equipamentos, serviços e mão-de-obra.
Por que ele é conhecido como “inflação do aluguel”?
O IGP-M recebeu esse apelido carinhoso porque sua principal função, geralmente, é corrigir os preços dos aluguéis e também é usado na atualização das tarifas de financiamento imobiliário. E como eles fazem isso? Basicamente, o setor imobiliário usa o índice acumulado de 12 meses, ou seja, o valor acumulado ao longo do ano até a data de assinatura do contrato será utilizado para reajustar o preço do aluguel. Mesmo sendo conhecido assim, não é só para o aluguel que usam o IGP-M, existem outras contas que podem ser reajustadas usando esse indexador, como a conta de luz, as escolas, as universidades, alguns tipos de seguros e alguns planos de saúde, por exemplo.
Histórico do IGP-M
Devido a alta do dólar em 2020 e 2021, o IGP-M subiu bastante nesse período e chegou a atingir máximas altíssimas, especialmente em maio de 2021, quando o indicador acumulou uma alta de 37,04% em 12 meses. Dessa forma, se o seu aluguel custasse R$1.000,00 em maio de 2020, depois de um ano seria reajustado para R$1.370,40. E até pensando em uma maneira de arrefecer essa alta, entrou em ação uma proposta de ser utilizado o IPCA como alternativa para o reajuste do aluguel. Veja abaixo uma tabela com o histórico de variação do IGP-M em 2021:
Em janeiro de 2022, o índice subiu 1,82%, após variação de +0,87% no mês anterior (dezembro de 2021). Com isso, acumula alta de 16,91% em 12 meses. Comparando com janeiro de 2021, o índice subia 2,58% lá e com um acumulado de 12 meses de 25,71%.
O IGP-M e os investimentos
Assim como o IPCA, o IGP-M não é um produto de investimento. Então, por exemplo, você não pode comprar o IGP-M em si. Mas, sim, o indicador é usado como indexador de alguns investimentos de renda fixa e ainda pode impactar em investimentos da renda variável. Há mais de 15 anos atrás, mais especificamente entre 2002 e 2006, o Tesouro Direto oferecia um investimento atrelado ao IGP-M, o Tesouro IGPM+, no mesmo esquema em que eles fazem o Tesouro IPCA+ atualmente. O engraçado é que se esse título ainda estivesse disponível, teria sido um dos melhores investimentos dos últimos anos, devido à alta na variação do índice. Porém, esse título não está mais disponível para os investidores. Felizmente, ainda existem opções de investimentos, como as Letras de Crédito Imobiliários (LCIs) e os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) que possuem rentabilidade pós-fixada atrelada ao IGP-M. Além disso, os Fundos de Investimento Imobiliários (FIIs) de tijolo podem ser uma boa opção, já que o preço do aluguel aos inquilinos varia de acordo com a variação do IGP-M. Além disso, é importante ressaltar que um investidor de sucesso deve sempre estar atento ao movimento da inflação, por isso é importante acompanhar as variações da inflação tanto com o IPCA quanto com o IGP-M.
Outros tipos de IGP
O IGP-M tem outros dois irmãos, que são o IGP-10 e o IGP-DI. A diferença entre os três é simplesmente o período da coleta dos dados. Se os dados são coletados e analisados entre o dia 11 do mês anterior e o dia 10 do mês de referência, o índice será o IGP-10. Agora, se os dados e informações forem coletadas e analisadas entre o primeiro e último dia do mês de referência, o índice em questão será o IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna). O IGP que estamos focando nesse artigo, o IGP-M, é resultado dos cálculos realizados entre o dia 21 do mês anterior e o dia 20 do mês de referência. E pensando bem, poderiam ter chamado-o de IGP-20, não é? Mas, tudo bem.
Conclusão
Como vimos, o IGP-M é uma outra maneira utilizada para calcular a variação nos preços de bens e serviços no Brasil, com um caráter mais abrangente que o IPCA. Ele é muito utilizado para corrigir os preços no setor imobiliário, até por isso recebeu o apelido de “inflação do aluguel”. Portanto, o índice não é um investimento em si, mas sim uma referência usada para performance de investimentos em renda fixa e até mesmo um indexador atrelado para alguns investimentos.